segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Todos contra dengue - Por Leonardo Pelicarto

Com aproximadamente 490 casos de dengue registrados em Juiz de Fora, o bairro Jóquei Clube I, na Zona Norte, concentra 35% dos registros da doença, segundo a assessoria da Secretária de Saúde e Saneamento Ambiental. A moradora do Jóquei I, Catarina Rocha, diz: “... Nunca tomei medidas para a prevenção da dengue em minha residência...”.
A Prefeitura Municipal, em conjunto com 11 órgãos públicos, está promovendo ações contra o mosquito aedes aegypti nos bairros que apresentam altos índices de infestação. De acordo, com a assessora da Secretária de Saúde, Ana Goulart, o que impera nos “planos de guerra” é a conscientização com panfletagem, carros de som, tele-marketing e campanha nas escolas municipais.
No combate direto, os agentes de vigilância epidemiológica estão fazendo visitas de casa em casa para combater e alertar os cidadãos para a questão. A também moradora do Jóquei I, Letícia de Oliveira, relatou que os agentes de vigilância epidemiológica estiveram em sua residência, buscando prováveis focos do mosquito e orientando-a como evitar o aedes aegypti em sua casa.
Conforme a assessoria do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (Demlurb), a coleta intensificada de lixo e a retirada de entulhos que possam gerar locais para a reprodução são seus principais focos.
Todas as ações de combate à dengue serão pautadas pelo LIRAa (Levantamento do Índice Rápido do Aedes Aegypti), mecanismo que indica em quais locais o combate e a prevenção serão desenvolvidos.

Leonardo Pelicarto

Segundo Round - Por Leonardo Pelicarto

A segunda etapa de vacinação anti-rábica está sendo organizada pelo setor de Zoonoses da Secretária de Saúde, Saneamento e Desenvolvimento Ambiental (SSSDA), no dia 8 de novembro. Ao todo funcionarão, em Juiz de Fora, 34 postos das 8h às 16h. A campanha mobilizará cerca de 400 profissionais, incluindo voluntários, como escoteiros e escolas de enfermagem e veterinária.
De acordo, com o veterinário da Zoonoses da Secretária de Saúde e organizador da campanha, José Geraldo Castro Júnior, a raiva pode ser transmitida pela mordida, arranhões, contato com as mucosas (olhos, boca e narinas) e através da saliva no caso, cães e gatos. A transmissão acontece também por intermédio de animais silvestres, como, por exemplo: morcego, raposa e lobos.
Júnior ainda explica que o vírus entra pelo ferimento do indivíduo, atinge os nervos e percorre-os até chegar ao Sistema Nervoso Central. Dessa forma, quanto mais enervada for a região do ferimento ou próximo ao cérebro, maior o perigo para o homem, pois, o período de incubação será menor, levando-o à morte.
O objetivo da campanha é reforçar a imunização em animais que receberam a primeira dose este ano e vacinar os que perderam a primeira etapa em setembro. A expectativa é que cerca de sete mil animais sejam vacinados.
O estudante de Veterinária Charles Pimentel, da Universidade Presidente Antônio Carlos (UNIPAC), que participou da primeira etapa e também participará da segunda fase diz: “Essa campanha é de cunho muito importante, pois, essa vacinação não protege somente os animais, mas os seres humanos que são os seus donos, pois, trata-se de uma doença letal. E outro ponto interessante, é a transmissão de experiência para os estudantes que participam e terão de lidar com isso quando forem profissionais formados”.
Segundo a responsável pelo Setor de Apreensão de Animais do Canil Municipal do Departamento de Limpeza Urbana (Demlurb), Liza Nery, desde 1998, não é detectado nenhum caso de raiva canina ou felina no município. “O animal que apresenta alguma sintomologia que aponte a raiva fica em observação por dez dias. Se ocorrer a morte do animal neste período, o cérebro é recolhido e enviado para exame”, explica Nery.

Leonardo Pelicarto

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Cargos temporários de fim de ano ainda estão indefinidos - Por Wellerson Cassimiro

Crise financeira nos Estados Unidos causa especulações no comércio de Juiz de Fora

As Contratações para cargos temporários, para as compras de fim de ano, no comércio juiz-forano, ainda estão indefinidos. Alguns lojistas alegam influências da crise financeira norte-americana.
A comerciante Fernanda de Paula, que trabalha com acessórios femininos há um ano, na cidade, comentou que ocorreu uma diminuição das vendas, desde o início de outubro e, que em sua loja não haverá contratações até final de janeiro do próximo ano. Já a comerciante de roupas esportivas, Tatiana Dias, relatou que ocorrerão poucas contratações para os cargos temporários de Natal. Ela, também, comentou que houve uma queda nas vendas em seu estabelecimento. “Mas tenho esperanças para o ano de 2009. Espero que essa crise seja rápida”, concluiu.
O gerente de uma perfumaria, Daniel Resende, há nove anos no comércio, relatou que em sua loja haverá contratações para os cargos temporários, pois o número atual de funcionários é insuficiente para atender às compras natalinas. De acordo com ele, a crise financeira norte-americana ainda não afetou os seus negócios, apesar de trabalhar com matéria-prima importada.
O fiscal de caixa Charles da Silva, funcionário de uma rede de supermercados, comentou que a loja constantemente abre novos postos de trabalho, independentemente da crise financeira, que ocorre nos Estados Unidos desde meados de setembro deste ano.
CDL frente à crise norte-americana
Assessora de imprensa da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL), Bethânia Vasques relatou que a crise financeira norte-americana ainda não afetou o comércio da cidade e que as lojas já iniciaram processos de seleção para os cargos temporários. Ela prevê um aumento entre 25% a 50% no quadro de funcionários no comércio. Estima-se em torno de 1.300 novas vagas. Segundo a assessora, o balanço comercial realizado em setembro deste ano foi positivo. De um total de 850 vagas, 449 foram ocupadas no comércio, conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, do Ministério do Trabalho de Juiz de Fora. “Com relação aos produtos importados, as lojas já haviam renovados os seus estoques com antecedência e os reajustes não serão repassados aos consumidores, pelo menos por enquanto”, afirmou a assessora da CDL.

  • A busca do primeiro emprego

As jovens Edna Alves de Andrade, 34 anos, assim como sua irmã Loreyede Alves de Andrade, 36, buscam o primeiro emprego de carteira assinada e têm a esperança de realizarem este sonho com as contratações, que sempre ocorrem no comércio da cidade, no fim de cada ano.

A explosão infantil nas casas de games - Por Wellerson Cassimiro

Cresce, em Juiz de Fora, o número de crianças e adolescentes usuários de lan house


Cresce o número de crianças que estão permanecendo longos períodos fora de casa conectadas à internet em Juiz de Fora. Elas acessam sites de relacionamentos, messenger e participam de jogos em rede, em casas de games que oferecem internet em banda larga.
O proprietário de lan house, Carlos Aberto da Silva, 35 anos, relatou que desde o início desse ano, o número delas aumentou em seu estabelecimento. “As crianças chegam à loja depois do horário da escola, em torno de 11h50 e permanecem até as 17h”, explicou.
Dona de uma lan house há cinco anos, Rosana da Rocha, 39, revelou que de 15 usuários, 10 são menores de 18 anos. A maior procura pela internet são nos finais de semana. Ainda mencionou que as mais presentes são os menores que compreendem entre 7 a 10 anos. Em seguida, os jovens com idade superior a 11 anos e os adolescentes. Contudo, estes últimos permanecem pouco tempo conectados à rede.
Mário de Souza, 37, proprietário de uma lan house há menos de um ano, revelou que seus principais clientes são as crianças e que, a cada dia, o número dessas aumenta. “Por enquanto, tenho um número baixo de clientes adultos, em torno de 23 contrapondo a 33 crianças” revelou.

  • Crianças Online

M.C.O, 12, revelou que fica metade do dia navegando em sites de relacionamentos e conversando com suas amigas, através do messenger. N.P.S, 10, perde a noção do tempo quando está acessando a internet. P.G, 11, participa de jogos conectados em rede são quase reais e que não se preocupa com o tempo gasto na internet. “Os jogos são bons, parecem de verdade. Eu não ligo para as horas, meus pais me dão o dinheiro para jogar”, disse. J.P.F, 13, ao terminar suas atividades da escola, logo vai para a casa de games próxima a sua casa. “Eu tenho computador em casa, mas o daqui é mais rápido”, concluiu.
O pedreiro Paulo César Ferreira, 45, fica receioso em ver seu filho longas horas na rua. ”Meu filho já tem 13 anos, é bem orientado em casa. Porém, tenho medo com quem ele possa conversar na internet, em uma lan house”, encerrou. A dona-de-casa Maria Aparecida Silvino, 43, revelou dar o dinheiro para o filho ir à casa de games. Todavia, permanece vigiando o horário do filho. “Não o deixo ficar na internet mais que duas horas por dia”. Maria José Gonçalves, 72, revelou que seu neto, M.L.C., 11, vai para a loja de games todos os dias e, é preciso chamá-lo para o almoço, pois esquece até mesmo de se alimentar.
A pedagoga Laís da Cunha revelou que é preocupante presenciar as crianças longo tempo fora de seus lares. Ela explicou que os jovens ficam sem limites e restrições, pois estão junto a colegas e longe do olhar atentado de seus pais. “As crianças sentem-se com poder para fazer tudo o que querem. Também ficam vulneráveis à abordagem de pessoas estranhas. Elas podem conversar com quem bem quiserem pela internet. Algumas até marcam encontros às escondidas”, revelou. Ela ainda mencionou que a internet tem influenciado no comportamento das crianças, despertando-as para uma independência precoce. “É necessário um diálogo aberto e constante entre pais e filhos, além de estimular horários para atividades extra-escolares”, concluiu.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Paulo Emerich - Por Angelo Savastano

Memória - Profissão Comunicador
A trajetória de um vencedor através do mundo da comunicação


Numa entrevista bem humorada, o decano da comunicação, faz um depoimento aos novos jornalistas, repleto de participações ímpares na história do rádio no Brasil. Relata sua presença num dos momentos mais marcantes do país, quando o general Mourão deflagrou a Revolução de 1964 e também recorda o “furo de reportagem” quando noticiou, em primeira mão, a morte do presidente John F. Kennedy, em Dallas, Estados Unidos da América.
O capixaba Paulo Emerich, natural de Celina, distrito de Alegre, nascido em 1931, descobriu por acaso a profissão que abraçou durante grande parte de sua vida. Tudo começou em 1950 quando um amigo, na época das eleições presidenciais, o convidou para trabalhar como locutor no serviço de alto falante, fazendo propaganda política para o Brigadeiro Eduardo Gomes, que disputava a Presidência com Getúlio Vargas naquela época.
Lá foi o começo de tudo. Em sua carreira, fez de tudo, foi de apresentador de auditório, propagandista, a diretor de rádio. Num período de sua vida, exerceu a profissão que havia se formado, farmácia, porém, não por muito tempo, retornando ao rádio, que o levou a ser eleito por três mandatos vereador da Câmara Municipal de Juiz de Fora, onde ocupou o cargo de presidente da Casa. Encerrando essa vitoriosa trajetória, ocupou a chefia de gabinete da Secretaria de Estado de Interior e Justiça/MG nos governos de Tancredo Neves e Hélio Garcia.

Savastano: Como foi o começo de sua carreira?

Emerich: Em 1950, quando eu morava em Alegre (ES), um amigo que achava que eu tinha uma boa voz convidou-me para participar como locutor nos comícios da UDN (União Democrática Nacional), durante a campanha presidencial do candidato Brigadeiro Eduardo Gomes que disputava com Getulio Vargas. Andávamos pelo interior do Espírito Santo fazendo propaganda nos comícios e festas do partido. Já em 1952, fui estudar em Minas Gerais, na cidade de Carangola. Estava sendo inaugurada a rádio ZYQ 9 Rádio Carangola,onde fiz o teste para locutor sendo aprovado. Lá se transmitia de tudo. Naquele mesmo ano, transmiti, direto do campo do Ypiranga Futebol Clube a primeira partida de futebol.

Savastano: Como eram feitas as transmissões de rádio na época?

Emerich: Já no ano de 1953, quando o meu pai mudou-se para Cachoeiro do Itapemirim (ES), sai de Carangola e consegui o emprego de locutor na rádio ZYL 9 Rádio Cachoeiro do Itapemirim. Naquela época, se fazia de tudo, de locução a venda de publicidade. Era um verdadeiro caos fazer transmissões externas, pois, eram tantos fios que eu quase tropeçava neles, mesmo assim, fiz várias locuções de partidas de futebol. O negócio não deu muito certo. Fui para o Rio de Janeiro tentar o vestibular para a faculdade de medicina. Lá o rádio cruzou novamente meu caminho. Não tendo dinheiro para pagar minhas despesas, trabalhei por um período como locutor na Rádio Continental e também na Rádio Relógio que ficava na Avenida Getúlio Vargas.


Savastano: Como Juiz de Fora surgiu em sua vida?

Emerich: Depois da tentativa frustrada de passar no vestibular de medicina no Rio de Janeiro, quando fui reprovado por três décimos em física, o que me causou uma decepção muito grande, voltei para o Espírito Santo retornando a Rádio Cachoeiro, mas com o firme propósito de estudar medicina. Lá, em certa ocasião, conheci o proprietário da Rádio Industrial de Juiz de Fora, Alceu Nunes da Fonseca, que gostou muito do meu timbre de voz e me fez um convite para trabalhar em Minas. No inicio eu relutei, porém, quando Fonseca falou-me que havia faculdade de farmácia em Juiz de Fora, de pronto aceitei, pois, também tentaria o vestibular para a referida faculdade. Numa noite de janeiro de 1954, desembarquei na rodoviária que se localizava, à época, no final da Rua Batista Oliveira e fui procurar os estúdios da Rádio Industrial de Juiz de Fora na Rua São João. Não conhecia ninguém. Fui recebido pelo diretor e funcionários da casa que me indicaram a pensão do Senhor Romano, pois, era barata e tinha comida de qualidade.

Savastano: Como foi o seu início na Rádio Industrial?

Emerich: Seguindo o conselho do pessoal da rádio, fui à pensão e lá me instalei. Retornei à emissora por volta de 20 horas, encontrei-me com o diretor que informou que eu apresentaria o jornal das 22h30 juntamente com outro locutor. Não me foi
passado o texto, mas assim mesmo, aceitei o desafio. E na hora marcada estávamos apresentando o rádio jornal. A minha presença intimidou o colega de trabalho, a ponto dele engasgar por diversos momentos. A partir dali, eu tinha a certeza que seria o âncora do jornal.
Essa data nunca esquecerei: 7 de janeiro de 1954. A minha rotina de trabalho era intensa, entrava pela manhã, apurava as notícias, fazia a parte comercial, apresentava os jornais e o programa de auditório sem hora prevista para encerrar meu expediente, já que, se houvesse algum fato jornalístico interessante, tinha que apurá-lo e fazer uma edição extra do jornal.


Savastano: Cite fatos marcantes da sua carreira de comunicador?

Emerich: Já adaptado na emissora, além do rádio jornal que eu apresentava, também fazia a parte de locução comercial durante a programação. Ressalto que tudo era feito “ao vivo”. Tínhamos orquestra, rádio novelas e programas de auditório de segunda a sábado. Pensando pró-ativamente, levei ao conhecimento da direção, que gostaria de apresentar um programa de auditório aos domingos, tendo em vista que a emissora concorrente, Rádio Sociedade PRB 3, tinha programação também nesse dia. Não obtive êxito junto à diretoria em Juiz de Fora. Não desisti. Fui atrás de patrocinadores, montei toda a produção do programa e fui me avistar com o Senhor Fonseca no Rio de Janeiro onde fiz a defesa do meu intento. Após exaustiva reunião, consegui a autorização para a execução do projeto. Retornando no mesmo dia, na subida da serra de Petrópolis, quando pensava em que nome daria ao programa, passei em frente à churrascaria Rancho Alegre. Eureca! Ai estava o que faltava, a denominação do programa: RANCHO ALEGRE, o programa de variedades que ficou no ar por aproximadamente 3 anos, com sucesso comercial e de público, comprovando que quando temos um objetivo a alcançar, não devemos nunca desistir pelo meio do caminho.
Destaco também a minha presença como repórter ao lado do general Mourão, quando ele deflagrou a Revolução de 1964. Anos duros para a comunicação em geral, tendo em vista que diversos amigos foram presos por conta da ditadura militar. Em outra ocasião, como sempre fazia após o expediente, tinha por hábito ouvir emissoras de outros países, para incrementar meu noticiário, quando fui surpreendido por uma rádio mexicana dando a notícia que o presidente dos Estados Unidos havia sido baleado mortalmente. Tinha “um furo de reportagem” quando noticiei, em primeira mão, a morte do presidente John F. Kennedy, em Dallas.

Savastano: Qual conselho que você daria aos futuros jornalistas?

Emerich: “...Corram atrás...”
Nessas palavras quero deixar claro que sem esforço, dedicação e estudo, hoje, nenhum profissional conseguirá atingir seus objetivos. Na minha época, o jornalista era aquela pessoa que se identificava com a profissão, não tinha faculdade para tal, mas isso não invalidava suas ações. O sindicato dos jornalistas me outorgou a identificação profissional número 14, a qual me honra muito, pois, sou jornalista de ofício e não de formação acadêmica.

Projeto Rondon - Por Leonardo Pelicarto




O Projeto Rondon, elaborado na década de 60, tinha como principal objetivo levar alunos para bolsões de miséria no país para prestarem ações humanitárias e, naquela época, entendia-se como miséria o estado do Amazonas. O objetivo indireto seria esvaziar os movimentos estudantis. Essa foi a maneira encontrada pelos militares para acalmar as manifestações, pois, o projeto nasceu na Ditadura Militar
Em entrevista, para o blog “A Tocha”, mestre Antônio Carlos da Hora em Comunicação e Cultura, Coordenador do Núcleo de Comunicação (NUCOM) na Faculdade Estácio de Sá Juiz de Fora e Coordenador Geral e Organizador de Seleção e Implantação do Projeto Rondon na FES-JF fala sobre a mudança de parâmetros do movimento, nos quais alunos da instituição participam e prestam assistência nas áreas de saúde, voluntária e humanitária em Minas Gerais especificamente em três regiões: Norte de Minas, Vale do Mucuri e Vale do Jequitinhoa.



A Tocha – Como se encontra o Rondon atualmente?

Hora - Com o fim da Ditadura Militar e o processo de redemocratização do país, o projeto acabou. A partir da entrada do Governo Lula o Rondon começou a ser rediscutido em 2003 sob uma ótica totalmente diferente na qual impera a assistência nas áreas de saúde, social, humanitária e voluntária, focando o estado em que o universitário vive e, conseqüentemente conhecendo a realidade de seu país, sendo assim, implantado no ano de 2005.

Como é a sua organização?

Com a implantação do projeto, passaram a funcionar dois “Rondons” no país: um Rondon nacional organizado pelo Ministério da Defesa e outro estadual, sendo o Rondon do estado de Minas Gerais organizado pela Pontifícia Universidade Católica – Minas na qual quinze instituições participam sendo a Estácio de Sá a única faculdade privada de Juiz de Fora engajada no projeto. A PUC promove duas edições: julho e dezembro. A Estácio de Sá participa das edições de julho atuando no Norte de Minas, Vale do Mucuri e Vale do Jequitinhoa. Na última de edição, fomos para o Vale do Mucuri nas cidades de Novo Oriente de Minas, Catugi e Itaipé.

De que forma funciona o processo seletivo para o Rondon?

Como grande parte do alunado nunca teve contato de perto com as situações que lidamos nessas localidades, a instituição elabora um processo de seleção que dura mais de dois meses no qual fazemos palestras, oficinas, dinâmicas de grupo, atividades de conscientização e sensibilização. Fazemos todo esse processo, pois queremos mostrar tudo o que o aluno vai encontrar e, principalmente, vai ter de lidar. Para ser ter uma idéia, na edição passada começamos, com 164 escritos e terminamos todo o processo com 45 alunos.

Como é a atuação do grupo Rondon em campo?

Uma das primeiras atividades que desenvolvemos é irmos de casa em casa falando quem somos e as ações que vamos desenvolver. Fazemos isso, pois, nos lugares para os quais nós vamos dificilmente acontece algo fora do normal, então, quando chegamos lá viramos o assunto da cidade. E, no Rondon, a equipe tem que ter um senso de coletividade muito grande, pois, as atitudes que tomamos e o que fazemos não é um ou outro quem faz, mas sim o “pessoal do Rondon”. Então, devemos ter o máximo de cuidado em relação às pessoas que lidamos.

O que de mais chocante é encontrado nesses locais abrangidos pelo Rondon?

Bem, tudo o que acontece na realidade dos lugares que prestamos assistência acontece em Juiz de Fora, porém, isso acontece tanto que passa a fazer parte do nosso cotidiano e acaba por anestesiar o nosso olhar. Agora, o que mais choca é a irresponsabilidade das autoridades com a população qual elas têm o dever de atender a todas as suas necessidades. Uma demanda que muito nos espantou é o pai que embebedava a filha sistematicamente, estuprava-a e, após consumado o ato, convidava os irmãos a partilharem o corpo da filha. Quando levamos o ocorrido ao secretário de Assistência Social, ele já estava a parte do que acontecia e possuía a desculpa de que a filha estava acostumada. Então, levamos o caso à polícia. O indivíduo foi preso, porém, foi solto logo em seguida por não ser preso em flagrante. Vira um absurdo maior ainda.

Qual o impacto no aluno que participa do projeto?

No mínimo, um grande choque, pois, muitos não convivem e não conviveram com isso de perto. Para se ter idéia, alguns alunos gastam R$ 80 reais em uma festa, enquanto famílias de cinco e seis pessoas vivem com isso durante um mês inteiro. Sendo assim, ocorre um crescimento individual e social muito grande. Eles vêem com seus próprios olhos que o mundo é bem maior que seu umbigo.

Jovens Negros continuam afastados das faculdades - Por Wellerson Cassimiro



Baixo interesse no curso superior estimula procura por cursos técnicos


O baixo número de alunos afro-descendentes nos cursos superiores é constatado, em relação ao total da população negra, apesar de ter ocorrido um aumento no número de faculdades. Dados revelados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2001, 48% da população brasileira era formada por negros e pardos. Contudo, apenas 2% deste total freqüentam as salas de aula dos cursos superiores. Juiz de Fora também vivência essa realidade.
Edna Alves, 34 anos, moradora do bairro Jardim Natal, Zona Norte de Juiz de Fora, concluiu o ensino médio sem o objetivo de ingressar em uma faculdade, optando assim, pelo curso técnico. O ponto de vista apresentado por Edna é de que os jovens negros não querem se profissionalizar. Eles concluem o ensino médio ingressando no mercado de trabalho somente com este diploma”. Desse argumento compartilha, também, Antenor de Andrade, 36, morador do mesmo logradouro. Para ele, os jovens negros têm como objetivo os cursos técnicos. Ainda comentou que estes estão acomodados à espera de auxílio do Governo para poderem estudar.
Dayana de Souza, 23, estudante, moradora do bairro Santa Lúzia, Zona Sul de Juiz de Fora, freqüenta um curso pré-universitário e almeja o curso superior em Veterinária. Ela lamenta o baixo interesse dos jovens negros pelos estudos e conclui. “Também já estive desanimada com relação a minha formação na graduação”.
Tal desinteresse pelos estudos acadêmicos é observado desde o ensino fundamental e médio. Segundo o professor de Educação Física Luciano Fantini, há seis anos, na Escola Estadual Professor Teodoro Coelho, no bairro Jóquei Clube, Zona Norte, os adolescentes não demonstram interesse por os estudos. O professor sempre incentiva seus alunos para não abandonarem seus estudos. Ele relatou ainda que, há alunos na escola que estão longe da realidade de ingressarem na faculdade, pois precisam trabalhar para manter suas famílias, não tendo tempo para se dedicarem aos estudos. O professor, também, já ouviu seus alunos comentando que não irão fazer faculdade. Thayrine Lázaro, 17, moradora da cidade de Duque de Caxias, Rio de janeiro, estudante em visita a Juiz de Fora, comentou sobre a atual situação do jovem negro em sua cidade. A estudante mencionou que estes estão desmotivados em ingressar nos cursos superiores, pois há muitos gastos com livros, alimentação, mensalidades elevadas e transportes que, em geral, são gastos com quatro ônibus por dia. Ela disse que os jovens preferem ingressar nos cursos técnicos gratuitos oferecidos pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro. A jovem, de Duque de Caxias, também não ambiciona o curso superior. “O mercado de trabalho está saturado de profissionais com diplomas de graduação”, concluiu Thayrine.
Segundo números revelados pela Unidade do IBGE, na cidade de Juiz de Fora, o Estado de Minas Gerais possui cerca de 1.196.199 pessoas brancas com diplomas de graduação , contrapondo a 35.677 pessoas negras que freqüentaram as salas de aula das faculdades, dados esses de 2000, último censo realizado nesta área. A secretária Fernanda, da Unidade do IBGE, na cidade, informou que o instituto ainda não realizou essa pesquisa no município Juiz de Fora.